Some of the best people out there are Crazy

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Morada

Eu perdi a conta das casas em que morei muito antes dos 10 anos de idade. Aprendi a dormir em rede, esteiras, sofás e beliches, com luz e com barulho, entre adultos que já haviam desistido da revolução e precisavam de bebida e cigarros. E falavam. Muita política e algum futebol. Todas as minhas tias tinham sido presas, a mais velha entrou para a clandestinidade e depois foi para o exílio. Só por volta dos meus cinco anos de idade eu conheci a prima da minha idade, que voltou ao Brasil depois da anistia. Anistia, diretas, aparelho, dançou, desbundou… eram palavras presentes no dia a dia da minha primeira infância. Uma infância sem televisão nem açúcar — o açúcar veio depois dos meus pais se separarem — e com medo da polícia. As nossas sandálias eram de couro e as roupas de algodão e minha mãe lia as Reinações de Narizinho à noite.

Mas esqueceram de me ensinar a contar. Aos seis anos eu só contava até seis, o número de aniversários que eu havia feito até então… Por essa época não davam muita importância a isto, não havia escola nem rotina, as crianças não eram estimuladas e a escola não era muito obrigatória, lembro de ter passado por umas três ou quatro escolas no período pré-escolar, mas lembro também de me tirarem das escolas por não concordarem com algo como a rezar antes da merenda. Ou por nos mudarmos de cidade ou de estado. Morei no Rio, em São Paulo e na Bahia. Depois no Rio de novo, em Campinas e em Campos do Jordão, e perdi a ordem dos acontecimentos, só tenho certeza que em 1980 estávamos em Campos do Jordão porque meu irmão nasceu lá, mas em maio de 1981 minha irmã nasceu no Rio. Entre um nascimento e outro moramos na Ilha de Itaparica. E a Ilha da minha infância não tinha luz nem camas, eu fingia que dormia na rede da varanda para meu pai me levar no colo até a minha. Nessa época meus pais eram hippies e minha vida era correr descalça na areia, me libertando das pavorosas botinhas ortopédicas de Campos do Jordão. Depois disso a vida se desfez e se refez muitas vezes, mas para encurtar a história digo apenas que sou filha de hippies.

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